A psicologia no ensino público

A psicologia no ensino público

Cada vez mais corriqueira, a violência escolar na rede pública pode ser minimizada por dois fatores: a psicologia na educação e a colaboração do governo.

Cada vez mais corriqueira, a violência escolar na rede pública pode ser minimizada por dois fatores: a psicologia na educação e a colaboração do governo.

18 de abril de 2023

18 de abril de 2023

4 mins

4 mins

4 mins

Fachada da escola do bairro da Vila Sônia, zona oeste da capital, que sofreu com o recente atentado de 27 de março. [Reprodução/Vídeo]

Os recentes casos de violência nas escolas da rede pública ao redor do país reacenderam novas discussões acerca das instituições estudantis: a psicologia educacional. Um dos projetos que influenciam nesse campo, o programa de Psicólogos na Educação, foi cancelado pelo governo do Estado em fevereiro e reativado após a onda de ataques. Especialistas afirmam que o bom funcionamento das instituições de apoio aos alunos serve como barreira para a ocorrência de novos crimes, bem como diminuem a crescente tensão vivida atualmente nas salas de aula.

No dia 25 de fevereiro de 2023, o programa Psicólogos na Educação, fundado pelo então governador João Dória em fevereiro de 2021, teve seu fim, completando dois anos de criação apenas. O objetivo do projeto era tratar da saúde mental dos estudantes durante a pandemia; o Governo Tarcísio cancelou a proposta, alegando que o tratamento virtual pós-pandemia já não era mais necessário. Em resposta ao ataque recente à professora Elisabeth Tenreiro, no dia 27 de março, na Escola Thomazia Montoro, na zona Oeste da capital, mais 150 mil horas de atendimento psicopedagógico foram requeridas para o ensino público pelo secretário da educação, Renato Feder.

Não é coincidência os casos violentos relatados e as medidas recentes do governo: os projetos de apoio à sanidade estudantil vêm sendo constantemente sucateados e ignorados pelos líderes políticos. Diversos relatos foram notificados sobre a fragilidade do programa, com alunos afirmando a falta de condições de trabalho, divulgação ou aplicabilidade do Psicólogos na Educação na rede pública. (confira como os estudantes descrevem suas experiências aqui).

Para uma coordenadora pedagógica da capital, que preferiu manter o anonimato pela proximidade com casos de violência, o apoio psicológico nas escolas públicas é imprescindível, porém carece de apoio governamental. No período no qual havia a atuação de programas de assistência ao aluno - dentre eles o Psicólogos na Educação -, o apoio era dado de forma virtual não exclusiva, contando com um atendimento para mais de um aluno. Porém, com a necessidade de reforçar esse suporte, a presença de ao menos um psicólogo para cada escola, como defende a coordenadora, torna-se uma necessidade cada vez maior.

A ideia da presença de agentes de segurança pública armados - como guardas e policiais - trazida como uma possível solução pela comunidade em substituição ao auxílio psicológico não é vista como uma boa alternativa pela profissional. “Acho que (a presença dos) policiais dentro das escolas pode acarretar outros problemas como autoritarismo e surgir conflitos que podem gerar medo e fuga de alunos das escolas. A escola precisa ser acolhedora.”. A solução para os casos de violência viria, para a coordenadora, de uma mudança institucional da psicopedagogia, não pelo viés do armamentismo.

Diminuir alunos por sala para melhor gestão da classe e criar formas de valorização da instituição escolar conferindo maior autonomia à escola são algumas outras alternativas propostas pela coordenadora que abrangem tanto o rendimento escolar como também a resolução de problemas vivenciados no dia a dia de ambos, docente e discente. Dessa forma, possibilitaria melhorar a eficiência do amparo ao aluno e a convivência de todos, bem como diminuir a possibilidade de desencadear novas ações violentas em ambientes escolares.

O tema segue em pauta, mas sem ações efetivas, a onda de violência no ambiente escolar público se mantém com crescimento acentuado. A psicologia na educação e a psicopedagogia surgem com uma medida eficiente que, segundo a entrevistada, se houvesse seriedade e empenho governamental nos projetos propostos, seriam capazes de amenizar esses incidentes generalizados e trazer paz ao ambiente educativo.



João Chahad, Gabriel Reis, Isabella Gargano, Jônatas Fuentes e Renan Affonso

Confira a matéria original aqui.